data-filename="retriever" style="width: 100%;">Neste ano de 2021, no dia 8 de maio, se comemora o Dia das Mães, dia de saudade. Sim! Saudade da minha mãe e de todas as pessoas que foram maternas comigo.
Outra saudade é do meu vizinho que desapareceu da esquina com seu chimarrão e os apetrechos de fazer rede de pescar. Perguntei por ele ao filho, e soube que morreu. Agora sinto falta dele e dos nossos bate-papos.
Saudade é uma palavra particular, não tem sinônimo, só tem sentimento. Todos os dias, sentimos sua dor, mesmo sem demonstrar. O lado bom é que faz sofrer, mas não mata. O lado ruim é que faz chorar, e só o tempo faz passar. Bom, justamente, é a certeza da felicidade por sentir saudade, isto mostra que um dia a vida, o amor, a alegria, a parceria foram divididas com quem também as sentiu, e que hoje, talvez, também colecione memórias, quem sabe, sinta falta e saudade.
A pandemia está mostrando diariamente o quanto a vida é fugaz, e que daqui não se leva nada, só o que de verdade foi nosso é o que fica no mundo quando a gente parte. É! A gente vai vivendo e montando uma coleção de saudade, mas deixa todo o juntado quando se vai.
O que sei é que tem horas que meu pensamento voa, saio rindo sozinha lembrando-me da família, da infância nas Dores, dos vizinhos, do quanto brinquei, dos natais e páscoas, dos aniversários, dos desfiles da mocidade, da escola, da igreja, das viagens, das universidades, dos animais, e de outros carnavais. Fecho os olhos, revejo o vivido, sinto saudade das pessoas que nunca mais vi, e das que neste mundo nunca mais verei, como minha mãe, meu pai, meu irmão, colegas, professores, e outros atores desta arte de viver.
Para não aumentar a bagagem da saudade, tento não deixar mais nada passar. Pego com as duas mãos cada chance que tenho de lembrar, aproveito, para que o vazio não estufe meu peito.
Nestes dias de maio, sinto falta da minha mãe, e lembro-me da saudade que ela sentia do meu pai que se foi com 48 anos, aos 25 anos de casados. Sei o quanto ela sentia falta da sua mãe que partiu quando ela fizera 8 anos. Eu conheci minha avó pela saudade que deixou. Ela estava presente nas histórias da Polônia, da imigração e da família que ouvi desde criança. É! Assim, a vida segue.
O tempo machuca e cura. Traz chegada e partida, espera e esperança, lembrança e certeza do reencontro. Então, não brigo mais com a saudade. Ela se joga e eu não rebato, aparo e me sinto abraçada pelo mundo vivido, pela felicidade sentida, e pelo sentimento dividido.
Procuro não viver de passado, valorizar quem trilha meu caminho, e os lugares onde fui, ou não, feliz um dia. Tento reconhecer e viver intensamente com as pessoas que estão ao meu lado, pois delas lembrarei e sentirei falta. Assim sigo vivendo e empilhando saudade.
Caro leitor, de quem, de onde, ou do quê sentes saudade?